terça-feira, 20 de outubro de 2015

Coluna da Tati: Ninguém ama para sempre?

Pensei em começar esse texto falando sobre algo que li há uns três dias e que de cara já trazia no título a afirmação mais pesada que eu já vi por aí: "ninguém ama para sempre".
Eu realmente queria muito fazer uma crítica sobre o que li nesse texto. Gostaria de falar o por quê de achar o título um tanto quanto equivocado, um tanto quanto pretensioso. Mas, ao decorrer da minha leitura eu percebi que eu poderia ter escrito aquilo. Os parágrafos não passavam de grandes desabafos de alguém que precisava colocar para fora o turbilhão de sentimentos e os rastros das dores que latejavam por dentro. Como eu poderia criticar a dor de alguém? Eu me compadeci, abracei essa amiga em pensamento e pedi para que o peso da carga que ela carrega não fosse tanto a ponto de fazer seus joelhos dobrarem em desistência.
Por um grande acaso, um dos melhores acasos - ou quem sabe se não foi um sopro de Eros - após fechar a página, eu desci o feed do meu Facebook e me deparei com uma espécie de vídeo-resposta ao que eu acabara de ler. Aquele VÍDEO é exatamente a mão iluminada da esperança quando tudo no que você acredita se torna pó, além de uma das declarações mais belas que eu já vi.
Estamos naquele fatídico momento em que a bela noiva, que acabara de fazer juras em prol do "amor eterno", vai jogar o seu lindo buquê para que, segundo a tradição, alguma de suas convidadas seja agraciada, em meio a pontapés, empurrões, vestidos pisados, cotoveladas, e se torne a vencedora pela corrida do "quem será a próxima?". Seria só mais um vídeo de casamento, se a atitude da noiva seguinte ao "três e já" não fosse a diferença e o start para um linda história. Ela se virou e entregou o buquê de rosas brancas à sua amiga, que em surpresa tinha aos seus pés seu namorado, fazendo o pedido de casamento mais autêntico e emocionante que eu já vi.
As sucessivas atitudes belas me fizeram ver e rever algumas boas vezes o vídeo. A amiga abrindo um espaço nos holofotes de sua grande noite para surpreender aquela menina de cabelos longos que não fazia ideia do que esperava. O futuro noivo, que provavelmente estava em pânico por dentro mas mesmo assim seguiu com os planos até o fim. A reação (ou a falta dela) da garota ao se ver protagonista daquele momento. O abraço coletivo dos recém-casados e dos futuros noivos. O provável momento em que os futuros noivos se tornaram recém-casados e a outra história se sucedeu quando ela jogou o buquê no "já".
Agora você se pergunta: ok, mas o que essa história tem a ver com o texto anterior? Bom, é simples, a antítese entre os dois momentos é exatamente o que os torna tão próximos e ligados.
Nas entrelinhas do "ninguém ama para sempre" da autora do texto, eu vi o desespero tão concreto e pesado, carregado de uma história da mesma forma quente e fria, cheia de altos e baixos, pesada e maciça. Nos três minutos do vídeo eu vi uma fase tão bonita de se apreciar, que deu até gosto de ser expectadora. Sabe quando você sente-se feliz por ver alguém tão feliz? Pois é... Foi doce de assistir, de apreciar. Mais ainda, foi reconfortante imaginar que aquela garota poderia ter escrito aquele texto em algum momento da vida. Dos altos e baixos, do peso sobrecarregando as costas, dos amores nocivos, dos desamores que vem e vão. É reconfortante saber que o eterno depende do ponto de vista. Eu realmente acredito que o infinito cabe nas pequenas coisas. Me desculpem os que concordam que ninguém ama para sempre, eu discordo totalmente. Para que medir o sempre em um enorme espaço de tempo se é muito mais leve carimbá-lo nos momentos simbólicos?!
Sempre é caminhar um dia após o outro. É amar sem medidas e sofrer sem escrúpulos. A dor só é eterna até o fim do dia. Cabe a você renová-la na manhã seguinte ou deixar para trás. E por que esperar por uma eternidade se o infinito pode ser finito ao fim do mesmo dia?
Me desculpem mais uma vez, mas entre amar para sempre e renovar o amor sempre, eu prefiro ficar com o segundo e ir eternizando minha felicidade, do que me amargurar com a frustração das desilusões que eu já sofri.
Todo ponto de vista, é a vista de um ponto. E... As rosas daquele buquê secaram, mas os jardins florescem o tempo todo.

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