Olá, culpadas! Sou a Tati, a nova (com disposição de 80) componente do blog A Culpa é da Vogue e vou trazer toda segunda às 10 essa coluna que se inicia já. Mas antes de ir ao que interessa, vamos às formalidades e devidas apresentações. Meu nome é Tatiana Castro, sou estudante de jornalismo, tenho 18 anos, sou apaixonada por séries, cinéfila, leitora assídua, desbocada livre e diferente das meninas que vocês já acompanham, o meu relacionamento com a moda é de longe um namoro típico iô-iô, de altos e baixos. Não que eu saia de casa com um casaco de tricô amarelo, calça verde de couro sintético e galochas vermelhas. Eu não sei de moda, mas tenho noção de que calça de couro sintético deve ser muito incômoda, não é mesmo? Enfim, o meu forte é escrever. Por isso, vim com a missão de escrever sobre tudo um pouco para vocês. Sobre o que eu gosto, sobre indicações, uma ajudinha aqui, uma notícia ali e por aí adiante. Sejam bem-vindos às minhas paixões compartilhadas e espero que vocês curtam a minha companhia.
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Sabe quando você conhece uma coisa e de repente se vê preso naquilo por semanas e acha que se não usufruir disso vai ter compulsão ou entrar em abstinência? A sua necessidade é tamanha, que você se obriga a entrar num looping eterno com a sua descoberta e esquece o mundo à volta. Algumas pessoas pensam que só drogas viciam, mas eu nunca ouvi babaquice maior. As vezes é uma música que tem a melodia mais convidativa e a letra que descreve a sua vida, que acaba não saindo mais da sua playlist e você diz que vai deixá-la em replay para sempre. Outras vezes é um filme antigo do seu diretor preferido e que coincidentemente tem aquele ator que você encucou que precisa receber um Oscar por cada trabalho que faz. E se for aquela sandália que incrivelmente combina sofisticação, beleza e conforto que você só quer usar ela o tempo todo? Ah, e aquela comida que você descobre que tem o sabor do céu e quer ter uma porção dela diariamente? E quando surge aquele cara que tem um cheiro tão bom, gostos parecidos com os seus, acelera seu coração, faz sair faíscas de dentro de vocês, e que mesmo que seus amigos falem do caráter duvidoso dele, você precisa tê-lo na cabeça o dia inteiro e até planeja seu futuro com ele? Bom, eu sei exatamente o que é isso. Sou ansiosa compulsiva e me apego tão fácil às coisas que esse fenômeno de vício/amor instantâneo acontece comigo sempre.
Quando você vicia em algo assim, parafraseando Gus Waters, deseja que aquilo vire uma pessoa (se já não for) para você levá-la até Las Vegas e se casar com ela. A sensação de saciedade só se dá se você tiver aquilo ao seu alcance, e o mais engraçado é que esse fenômeno nos acompanha em todas as fases da vida. Pois é, fases. Se você parar para pensar, aquela Barbie nova só foi nova por um dia, mas você se viu na necessidade de brincar com ela todos os dias, até que de repente, puf! Ela perdeu o encanto, foi morar na sua prateleira e você já estava procurando algo novo para brincar. O mesmo aconteceu com seu CD do Rouge, com o seu gloss de morango, com sua primeira sandália de salto, com um doce maravilhoso, e assim por diante. Nós somos criaturas que têm a necessidade de ser e pertencer às coisas durante toda a vida. E se aquilo deixa de te fazer bem, você simplesmente precisa parar de usar para não se chatear. Somos furtivos e procuramos refúgio o tempo todo, mesmo sabendo que daqui a pouco já queremos mudar de novo. Uma hora aquela música começa a te trazer lembranças e se torna tão insuportável que até o seu celular quer expulsá-la da playlist. A sola da sua sandália maravilhosa fica tão gasta que você sente até o asfalto quando pisa com ela. Você começa a ter náuseas só de ver a cara do ator no filme e dos erros de continuidade que o diretor deixou passar. A comida que antes era o céu, agora te causa enjoo só de olhar. Você, enfim, percebe que precisa se desintoxicar de tanta repetição e procura por outras coisas que daqui uns meses serão descartadas da mesma forma que as anteriores, chegando à estaca zero da sua próxima fase.
Entretanto, para seu alívio, chega uma hora que você descobre algo genial e para de procurar abrigo em cada esquina da sua vida. Você descobre uma banda e se apaixona por todas as músicas dela, e é sempre a mesma sensação quando você fica dois dias seguidos escutando, pára por meses, e volta com outro álbum. Sua mãe faz uma comida especial e você sente que vai adorar aquele prato mesmo que fique meses sem comê-lo. Encontra um novo diretor de cinema que tem uma filmografia maravilhosa e percebe que aquele ator específico não é tão bom assim, mas ainda revê todos os filmes do seu diretor preferido e ainda torce pelo Oscar do galã. Você descobre a famosa MODERAÇÃO que se faz necessária quando passa a amadurecer, e com ela a busca por coisas novas, pelo conforto de não precisar mais fugir. Você percebe que as suas necessidades mudam conforme você amadurece, e para de insistir em coisas passageiras, como aquele garoto que causou uma paixão avassaladora, dolorida, te desconcertou, te tirou do eixo e mesmo assim você insistia em passar cada segundo do seu dia pensando nele. A sua necessidade agora é de tirar de si todo o mal que essa insistência crônica te causou e buscar algo palpável que te faça se manter equilibrada e acolhida ao mesmo tempo. E é com esse "príncipe" da vida real que você vai planejar um futuro. Ouvindo músicas novas, comendo doces inusitados, vendo os filmes que ele gosta e mostrando a ele os que você ama.
Pode parecer confuso, mas o seu crescimento depende dos vícios de cada umas das suas fases. Não que você vá parar de ter paixões instantâneas e vícios frenéticos. Você ainda vai tê-los porque é natural, e ainda vez ou outra vai ouvir aquela velha música, comer aquela velha comida, lembrar daquele cara que te deixou maluca e que deve estar por aí sacaneando com alguém. Mas o tempo vai te ensinar a ter a convicção de que o importante é não ficar presa no que é passageiro e nem insistir no que te destrói. Você é uma criatura em constante mudança e adaptação, vai amar e odiar coisas o tempo todo. Mas não se preocupe, porquê as coisas e pessoas que te mantém nos eixos, te fazem bem, te consolam e fazem seu coração bater mais forte, são as verdades que permanecerão com você em todas as fases da sua vida.